segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Bachelard



Bachelard e suas possibilidades de reflexão
Lúcia S. Hardt*

Para Bachelardo o hábito é o pior inimigo da imaginação. Imaginar é desejar e proteger o que ainda está ausente. No livro a poética do espaço, o autor defende o direito e nosso dever de construir imagens de um espaço feliz. Resolvo trazer essa idéia para o espaço escolar e perguntar o que andamos fazendo para proteger essa imagem de espaço feliz.

Precisamos aprender a defender esse espaço de forças adversas, de hostilidades. Aprender a imaginar como gostaríamos de ocupar esse espaço e protegê-lo. Um espaço que resguarde nossas frustrações, decepções e acolha nossos sucessos com a mesma medida. Aprender a habitar um espaço que se quer fazer feliz, por vezes começa quando aprendemos a “morar em nós mesmos”. Qualquer morada implica uma via dupla: ela se faz com a gente e nós nos constituímos com ela. A experiência estética em geral depende de espaços cheios. Como diz Bachelard é quase inimaginável pensar uma gaveta vazia. O devaneio se move pelo movimento do espaço ocupado. É difícil pensar uma sala de aula vazia, é difícil desejá-la. Imaginamos uma sala ocupada e criamos sonhos, desejos e expectativas.

Habitar um espaço é encontrar redutos onde possamos nos abrigar, por vezes nos encolher. Segundo Bachelard só habita com intensidade aquele que aprendeu a se encolher. Todos temos as memórias dos cantos, espaços da intimidade que merecem ser protegidos para que a escola possa construir um espaço humano.

Em uma escola é preciso imaginar a grandeza e a miniatura, o silêncio e barulho para salvaguardar as inevitabilidades. Do barulho pode surgir a criatividade. O silêncio pode dar em nada. Precisamos poder dizer como habitamos nosso espaço vital considerando todas as dialéticas da vida, como nos enraizamos em um canto do mundo (Bachelard). Precisamos acreditar que a nossa memória poderá fixar lembranças de proteção e de experiências estéticas. Como estará sendo construída a memória de escola dos estudantes brasileiros? Qual é a nossa lembrança de escola? A vida começa mais fechada e protegida para que possa alargar-se e expandir-se.

Como são nossas salas de aula? De onde vem a luz, os sussurros, o silêncio? O que está atravancando os movimentos do corpo e da mente? Tem espaço para o devaneio? Tem porões clandestinos? Que itinerários estão registrados nos caminhos que a sala de aula viabilizou? O espaço convida à ação, e antes da ação a imaginação trabalha.

O espaço é um lugar que dá ao ser humano razões para viver! Para habitar é preciso construir. Nossa atividade estética poderia ser ler nosso espaço, ler nossa escola. Ler nossa sala de aula. O que nos protege? Quais hostilidades estão aparecendo e por quê? Existe clima para a imaginação? Existe lugar para os espíritos livres? Ou temos que ser todos iguais, seguir uma mesma cartilha? A dissonância tem lugar, o espaço é arejado? O que me impede de sonhar e imaginar nesse espaço? Onde estão as rachaduras? Quais seriam os primeiros “consertos” necessários?

Uma escola contemporânea talvez devesse estar ávida de ver, reparar quem são nossos alunos, o que interessa o que não interessa, deveria interessar-se em tocá-los, como estabelecer aprendizagens. Nossa visão não pode ser gulosa, ver mais do que existe, colocar no aluno o que lá não está. O riso irônico nem sempre pretende o constrangimento, o corpo que mexe não é deseducado, a voz que alardeia nem sempre quer interromper.

Existe uma luta que precisa acontecer contra a inadequação, à insuficiência, a mutilação de nossa cultura para resgatar o afeto perdido. Em tempos de ganância, aceleração, velocidade, abstinência moral e misticismos compensatórios, a imaginação como expressão da arte nos põem em outro ritmo, a pressa atropela, invade, impede. O oposto da pressa não é a lentidão, mas um deslocamento mais espaçoso, mais estético, silencioso e atento ao que nos passa enquanto andamos . A experiência para acontecer precisa de tempo e ritmo próprio.

É preciso desejar conservar o espaço vivo. Conservar remete a tradição. Não devemos pensar em mudar tudo, pois falhamos também quando não conservamos nada. O que deixamos de conservar em nossos processos educativos Que tradição precisa de proteção?

Na salas de aula formais e não formais tem espaço para vários crescimentos e valeria à pena inspirar-se em Rilke , citado por Bachelard, quando diz: essas árvores são magníficas, mas mais magnífico ainda é o espaço sublime e patético entre elas, como se, com seu crescimento, ele aumentasse também. Crescer com os outros provoca novas estéticas que podem nos fazer habitar um lugar feliz. E felicidade não é essa coisa plena, simétrica, estável. Felicidade implica cavar em si mesmo e nos outros desejos e meios para movimentar-se, para criar, para sentir-se bem quando estamos com uma idéia na cabeça.

Para Bachelard, Nietzsche é um poeta das alturas, e, portanto é secundária em sua obra a dimensão da terra, da água e do fogo. A água para ele é uma imagem passageira, mais importante do que a água vale aprender a nadar, não podemos nos deixar seduzir pela onda, pelo mar infinito, pela paz das águas, mas superá-las para encontrar nossa capacidade e saber andar, dar o passo, fazer pirueta, dançar, saltar.

Nietzsche é definido por Bachelard como um poeta aéreo exatamente por essa sua capacidade de imaginar. O convite dele, na interpretação do autor acima se faz através da seguinte indagação:

Qual é afinal o peso que te impede voar comigo? Quem te obriga a ficar inerte sobre a terra? Sobe na minha balança e eu te direi se, a rigor, podes ser meu companheiro, meu discípulo. Eu te direi não teu peso, mas o teu futuro aéreo. O pesador é o mestre da leveza. (Bachelard, 1990, p.138)

Por possuir a leveza alada, existe a possibilidade de pesar o mundo. Primeiro voar, depois conhecer a terra, essa é a mensagem do poeta/filósofo. A defesa dele é reconhecer na verticalidade o limite da horizontalidade. Mas esse processo exige aprendizagem, pois quem quer aprender a voar deve aprender a ficar de pé, a andar, a correr, a saltar, a subir e a dançar, não se aprende a voar de repente. O que nos ensinaram foi contentar-se com o horizontal, rastejando, suplicando, esperando, contemplando, repetindo. Inclusive muitas escolas continuam ensinando isso. Por mais que as posições de Nietzsche em vários momentos pareçam arrogantes (e talvez sejam), o seu projeto é de insistir para que esqueçamos aquilo que limita a nossa vontade de potência. Seremos aéreos somente quando compreendermos o quando esse direito nos é negado em nosso cotidiano. Esse é o peso que carregamos para sobreviver. É a versão do camelo que nos toma e invade. Enfrentar essa realidade exige força e coragem, não existe meio envolvimento, o envolvimento deve ser total.

Que possamos viver nessa condição: criaturas que habitam a terra, os espaços concretos e materiais, mas que não desistem de sonhar, de desejar habitar também os espaços aéreos, mais leves, arejados e cheios, de pessoas capazes de reparar nos pequenos detalhes que nos fazem sensíveis e criativos.

Bibliografia:
BACHELARD, Gaston. O Ar e os Sonhos. Ensaio sobre a imaginação do movimento. São Paulo. Martins Fontes. 1990.
_________________ A poética do espaço. São Paulo. Martins Fontes. 1988.
DIAS, Rosa Maria. Nietzsche educador. Ed. Scipione SP. 2003
LARROSA, Jorge. Pedagogia Profana. Danças, piruetas e mascaradas. Porto Alegre: Ed. Contrabando. 1998
_______ Nietzsche & a Educação. Tradução de: Alfredo Veiga - Neto. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
_______ Linguagem e Educação depois de Babel.Belo Horizonte. Edit. Autêntica, 2004
NIETZSCHE, Friedrich. Assim falou Zaratustra. São Paulo. Martin Claret. 2005
NOVAES, Adauto (org). Artepensamento. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.


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* Formada em História pela UNISINOS(Universidade do Vale do Rio dos Sinos), mestre em Educação pela UFRGS (1995), Doutora em Educação pela UFRGS (2004). Professora adjunta II da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) atua na Pedagogia com a disciplina- Fundamentos Filosóficos da Educação II. Na Pós-graduação ministra a disciplina – Teorias da Educação. Tem experiência na área de formação de professores e na educação à distância. O projeto de pesquisa em desenvolvimento na universidade versa sobre o tema : As Cartografias dos processos formativos.

Foto: http://projetofilosofia.blogspot.com/search?q=bachelard

domingo, 27 de setembro de 2009

Momento Poemético Profano


Quadrilha Acadêmica

Na esteira da produção acadêmica nacional
João citava Teresa que parafraseava Raimundo,
que intertextualizava Maria que plagiava Joaquim,
que escrevia a Lili que não citava nem lia ninguém.
Eu parodiava todo mundo (SILVA, 2008 apud DRUMMOND,1954).

In SILVA, L. N. Fordismo e Educação: um século da escola na organização da produção do conhecimento. Seminário na Disciplina Educação e Trabalho (EED 5305), Curso de Pedagogia (2008-2) da Universidade Federal de Santa Catarina.

Foto: Drummond e a Vaca Leitora . Novembro de 2007 . Autor: Gijlmar

Pedagogia Profana: Jorge Larrosa

Neste livro, Jorge Larrosa aponta na direção de uma outra forma de pensar e de escrever a pedagogia. “Uma forma em que as respostas não sigam às perguntas, o saber não siga à dúvida, o repouso não siga à inquietude e as soluções não sigam os problemas”. O autor desconstrói idéias sobre a pedagogia. “Os textos aspiram a ser indisciplinados, inseguros e impróprios porque pretendem situar-se à margem da arrogância e da impessoalidade da pedagogia dominante, fora dos tópicos morais com os quais se configura a boa consciência, fora do controle que as regras do discurso pedagógico instituído exercem sobre o que se pode e não se pode dizer”.

Pedagogia profana é uma obra que deve ser lida por educadores, professores, pedagogos, pais e qualquer pessoa envolvida de alguma forma com a prática educativa, que transcende o ato de ensinar o que já está previsto, como se não houvesse espaço para questionamentos. A questão que fica é: como o estudante poderá ter lugar nesse espaço no qual tudo já está escrito, previsto e dito? Larrosa entende que o estudante diante desta rigidez não tem chance de perder-se. E é aí, na possibilidade de um novo olhar não previsto que acontece o ato de estudar. Para Larrosa, “a educação moderna é a tarefa do homem que faz, que projeta, que intervém, que toma a iniciativa, que encontra seu destino na fabricação de um produto, na realização de uma obra”. O autor dedica, ainda, um espaço para refletir sobre o riso e a formação do pensamento, além de lançar olhares sobre a infância.
...
Veja um pouco mais no Blog da Linha de Comunicação e Educação do PPGE/UFSC:
Foto: Flickr_anelatina_JorgeLarrosa_e5c38aa21d_b

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Repensar a Educação: Foucault

"Foucault nos ajuda a pensar a educação e a escola pelo menos em três dimensões: a construção do saber pedagógico na dimensão científica; as relações de poder no espaço escolar, permeado pelo disciplinamento e pelo controle; as relações do sujeito consigo mesmo, numa dimensão ética. Aplicar os conceitos foucaultianos ao campo educacional é produzir uma espécie de estranhamento, de deslocamento dos discursos e teorias com os quais estamos acostumados. Esse estranhamento faz a educação repensar-se, na medida em que suas bases já não podem ser sustentadas".

As contribuições de Foucault à educação
com Sílvio Gallo

Página 32-35
Revista IHUonline . UNISINOS
Ou

Sílvio Gallo, professor da Universidade Metodista de Piracicaba e da Unicamp. Atualmente mora em Campinas, terra natal. Estudioso da chamada “educação anarquista”, vem analisando as implicações do pensamento deleuziano na educação. Aqui, um pouco do seu pensamento a respeito da relação Deleuze/Filosofia/Educação. Publicou, além de vários artigos, Pedagogia do Risco (Papirus Editora), Educação Anarquista: um paradigma para hoje (Editora Unimep). No prelo, Deleuze e Educação (Editora Autêntica).

http://www.petpsi.ufc.br/Documentos/Entrevista%20com%20S%EDlvio%20Gallo.rtf

Foto: Philosophes bis http://www.flickr.com/photos/felixpetruska/3704909636/

Kant: as bases da ética moderna

"Age de maneira tal que a máxima de tua ação sempre possa valer como princípio de uma lei universal." Assim o filósofo Immanuel Kant formulou o "imperativo categórico". Ao buscar fundamentar na razão os princípios gerais da ação humana, Kant elaborou as bases de toda a ética moderna. http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u350.jhtm

Immanuel Kant, filósofo iluminista alemão escreveu em 1.784"Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado desta menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. " http://relexus.ning.com/profiles/blogs/esclarecimento-1

Para ver mais: Sociedade Kant Brasileira

Kubernetes


“...o espaço cibernético introduz a idéia de que toda leitura é uma escrita em potencial, pois o leitor não desempenha mais a função apenas passiva diante de um texto definitivo, mas pode de certa forma interferir no mesmo. Neste novo cenário, a comunicação não é mais concebida como difusão de mensagens, troca de informações, mas "como emergência continuada de uma inteligência coletiva". Segundo Pierre Lévy, estamos assistindo a uma desterritorialização dos textos, das mensagens, uma vez que nessa teia, nessa rede, nada é fixo e qualquer elemento tem a possibilidade de interação com qualquer outro elemento presente (LSH) . Equipe CDI-SP.

A Filosofia na Idade Média


O triunfo da escolástica, a glória da educação

Andrea Bonaiuti (1343-1377) pintou entre 1366 e 1368 na casa do capítulo dominicano, em Florença, construção pertencente à igreja de Santa Maria Novella, em afresco, uma alegoria d'O Triunfo de S. Tomás, homenagem à glória terrena e celeste do santo, que nasceu em 1225 e morreu em 1274.

(...) O afresco do triunfo de Tomás de Aquino traz a representação visual da natureza, da aquisição e da disseminação do conhecimento. (...) Esse afresco é uma visão em imagens coerente com o esquema do que é o conhecimento para a comunidade dominicana de Santa Maria Novella, em Florença, e para a ordem dominicana em geral. Ensina com suas imagens e inúmeros escritos que, divinamente inspirado, o conhecimento de Aquino foi-lhe dado por Deus, estruturado sobre a autoridade e o legado da filosofia antiga.
Texto completo:

Fotos: Basilica Santa Maria Novella e texto em italiano

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/c/c3/Santa_Maria_Novella.jpg/800px-Santa_Maria_Novella.jpg

http://it.wikipedia.org/wiki/Chiesa_di_Santa_Maria_Novella

Outras fotos: http://www.wga.hu/frames-e.html?/html/a/andrea/firenze/index.html

Agostinho: Doutor da Igreja


Na história do pensamento ocidental, sendo muito influenciado pelo platonismo e neoplatonismo, particularmente por Plotino, Agostinho foi importante para o baptismo do pensamento grego e a sua entrada na tradição cristã e, posteriormente, na tradição intelectual europeia. Também importantes foram os seus adiantados e influentes escritos sobre a vontade humana, um tópico central naética, que se tornaram um foco para filósofos posteriores, como Schopenhauer e Nietzsche, mas ainda encontrando eco na obra de camus e Hannah Arendt (ambos os filósofos escreveram teses sobre Agostinho). http://pt.wikipedia.org/wiki/Agostinho_de_Hipona

Para ler mais:

Platão: 428-347 a.C.

Diversamente de Sócrates, que era filho do povo, Platão nasceu em Atenas, em 428 ou 427 a.C., de pais aristocráticos e abastados, de antiga e nobre prosápia. Temperamento artístico e dialético - manifestação característica e suma do gênio grego - deu, na mocidade, livre curso ao seu talento poético, que o acompanhou durante a vida toda, manifestando-se na expressão estética de seus escritos; entretanto isto prejudicou sem dúvida a precisão e a ordem do seu pensamento, tanto assim que várias partes de suas obras não têm verdadeira importância e valor filosófico.

Para ler mais:

Foto: Fragmento do texto "A República"

Vídeo do perfil no Youtube de Sofia13121, que tem outros interessantes em: http://www.youtube.com/user/sofia13121

Pré-Socráticos


Os pré-socráticos são filósofos que viveram na Grécia Antiga e nas suas colônias. Assim são chamados pois são os que vieram antes de Sócrates, considerado um divisor de águas na filosofia. Muito pouco de suas obras está disponível, restando apenas fragmentos. O primeiro filósofo em que temos uma obra sistemática e com livros completos é Platão, depois Aristóteles.
São chamados de filósofos da natureza, pois investigaram questões pertinentes a esta, como de que é feito o mundo. Romperam com a visão mítica e religiosa da natureza que prevalecia na época, adotando uma forma científica de pensar. Alguns se propuseram a explicar as transformações da natureza. Tinham preocupação cosmológica. A maior parte do que sabemos desses filósofos é encontrada na doxografia de Aristóteles, Platão, Simplício e na obra de Diógenes Laércio (século III d. C), Vida e obra dos filósofos ilustres.
A partir do século VII a.C., há uma revolução monetária da Grécia, e advêm a ela inovações científicas. Isso colaborou com uma nova forma de pensar, mais racional. Os pré-socráticos inspiraram a interpretação de filósofos contemporâneos como Nietzsche, que nos iluminou com a sua obra A filosofia na época trágica dos Gregos e Hegel, que aplicou seu sistema na história da filosofia.


Foto: Anaxxágoras
web.madritel.es

Sócrates: 470-399 a.C.


Foi condenado em 399 a.C, Janeiro, com 71 anos, por uma acusação de "impiedade": foi acusado de ateísmo e de corromper os jovens com a sua filosofia, mas na realidade, estas acusações encobriam ressentimentos profundos contra Sócrates por parte dos poderosos da época. O tribunal era constituído por 501 cidadãos. Entre as acusações houve uma que se referia à introdução de novas entidades divinas negando os Deuses da pátria. Os acusadores foram: Ânito, Meleto e Lícon.

Para saber mais:

Foto: Pintura de Jacques-Louis David (1787)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O Poder do Mito

“Dizem que o que todos procuramos é um sentido para a vida. Não penso que seja assim. Penso que estarmos procurando é uma experiência de estar vivos, de modo que nossas experiências de vida, no plano puramente físico, tenham ressonância no interior do nosso ser e da nossa realidade mais íntimos, de modo que realmente sintamos o enlevo de estar vivos.”
Joseph Campbell

"Os mitos estimulam a tomada de consciência de sua perfeição possível, a plenitude de sua força, a introdução de luz solar no mundo. Destruir monstros é destruir coisas sombrias. Os mitos o apanham, lá no fundo de você mesmo. Quando menino, você os encara de um modo, como acontecia comigo ao ler as histórias dos índios. Mas tarde, os mitos lhe dizem mais e mais e muito mais. Quem quer que tenha trabalhado seriamente com idéias religiosas ou míticas lhe dirá que, quando criança, nós a aprendemos em num certo nível, mas depois muitos outros níveis se revelam. Os mitos são infinitos em sua revelação".
Alguns tópicos:
Joseph Campbell em entrevistas com Bill Moyers

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A Escola de Atenas


A Escola de Atenas (Scuola di Atenas no original) é uma das mais famosas pinturas do renascentista italiano Rafael e representa a Academia de Platão. Foi pintada entre 1509 e 1510 na Stanza della Segnatura sob encomenda do Vaticano. A obra é um afresco em que aparecem ao centro Platão e Aristóteles. Platão segura o Timeu e aponta para o alto, sendo assim identificado com o ideal, o mundo inteligível. Aristóteles segura a Ética e tem a mão na horizontal, representando o terreste, o mundo sensível.

A imagem tem sido muitas vezes vista como uma perfeita encarnação do espírito da Alta Renascença. Em A Escola de Atenas, Rafael pintou os maiores estudiosos antigos como se fossem amigos que discutiam e desenvolviam as formas de pensar e de refletir a filosofia em si. Segundo o estudioso Fowler, o título do afresco era Causarum Cognitio e que somente após o século XVII passou-se a ser conhecido como A Escola de Atenas.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_de_Atenas

Sobre a pintura:
http://www2.dm.ufscar.br/hp/hp902/hp902001/hp902001.html

Sobre a invenção da escola na Grecia:
http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/escola/index.htm

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Ementa

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
DISCIPLINA: Teorias da Educação
ANO/SEMESTRE: 2009.2
PROFESSORA: Lúcia Schneider Hardt


PLANO DE ENSINO

EMENTA: Estudo das teorias da educação. Discussão das matrizes filosóficas e epistêmicas do pensamento pedagógico, destacando as relações com os outros campos de conhecimento. Estudo da presença dessas teorias/matrizes na educação brasileira.

OBJETIVOS: Examinar algumas teorias/matrizes da educação ocidental sob enfoque filosófico-educacional. Examinar algumas escolas do pensamento pedagógico brasileiro procurando nexos e/ou distâncias com as referidas teorias/matrizes.

METODOLOGIA: A disciplina será desenvolvida basicamente a partir de debates dos textos indicados e seminários desenvolvidos pelos alunos.

AVALIAÇÃO: Os alunos serão avaliados pela compreensão das leituras realizadas, pela participação nos debates/seminários apresentados e por um trabalho final em torno das teorias estudadas.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:

UNIDADE I:
Teorias/matrizes da educação ocidental :
1.1 O mito educa? Qual sua finalidade educativa? O mundo moderno pode dispensar o Mito?
1.2 A herança platônica . O debate em torno do mundo real e o mundo aparente. Postulando um além-mundo inteligível.
1.3 Os sofistas e a educação
1.4 Cultura e educação no período medieval

UNIDADE II:
2.1 A modernidade e a releitura da metafísica platônica. Iluminismos.
2.2 O pensamento científico e a verdade. Formação e erudição.
2.3 Educação e emancipação

UNIDADE III:
3.1 Nietzsche e a ruptura com a metafísica.
3.2 Formação e experiência estética. Formação e espírito livre.
3.3 Transvaloração dos valores e o exercício da invenção. Insubordinação da beleza à razão.

UNIDADE IV:
4.1 Pensamento pedagógico brasileiro X inventário filosófico ocidental. A invenção das classificações e tendências pedagógicas: sentidos e significados.
4.2 Inevitabilidades do processo pedagógico: inventar, experimentar e explorar outra educação. Arte, Pensamento e Literatura.

Referências Bibliográficas


Adorno, T. W. Educação após Auchwitz. In: COHON. G. Theodor Adorbo. São Paulo:
Ática, 1986.
___________ Educação e emancipação. São Paulo: Paz e Terra, 1995.
___________ A Educação contra a Barbárie. São Paulo: Paz e Terra, 1995.
BACHELARD, Gaston. O Ar e os Sonhos. Ensaio sobre a imaginação do movimento. São Paulo. Martins Fontes. 1990.
____________________ A poética do espaço. São Paulo. Martins Fontes. 1988.
CAMPBELL, Joseph. O mito e o mundo moderno. In: O poder do Mito. Edit. Palas Athena SP:1990.
DIAS, R. M. Nietzsche Educador. São Paulo: Scipione, 1991
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Tradução: Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1987. 288 p.
GALLO, Sílvio. Em torno de uma educação menor. In: EDUCAÇÃO & REALIDADE. Gilles Deleuze. UFRGS/Faculdade de Educação, 2002. V. 27, n. 2, jul/dez, 2002.
_______ Deleuze e a Educação. Deleuze & a Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
GHIRALDELLI Jr. , P. O que é Filosofia da Educação. 2 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
__________________ Filosofia e História da educação brasileira, SP: Manole 2003
JAEGER, W. Paidéia: A formação do homem Grego. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
KANT, E. Sobre a pedagogia. Piracicaba/SP: Editora UNIMEP, 1999.
LARROSA, Jorge. Pedagogia Profana. Danças, piruetas e mascaradas. Porto Alegre: Ed. Contrabando. 1998
______________ Nietzsche & a Educação. Tradução de: Alfredo Veiga - Neto. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
______________ Linguagem e Educação depois de Babel. Belo Horizonte. Edit. Autêntica, 2004
NIETZSCHE, Friedrich. Assim falava Zaratustra. Um livro para todos e para ninguém. Ed. Vozes, 2007.
NIETZSCHE, Friedrich, O Nascimento da Tragédia (tradução de J. Guinsburg); São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
___________________ O Livro do Filósofo (Tradução de Rubens Eduardo Ferreira Frias); São Paulo: Centauro, 2001.
___________________ Escritos sobre Educação (Tradução de Noéli Correia de Melo sobrinho); Rio de Janeiro- São Paulo: Editoras Loyola e Editora PUC-RIO, 2003.
___________________ Humano Demasiado Humano (tradução de Paulo Cezar de Souza). São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
___________________ A Gaia Ciência (tradução de Paulo César de Souza). São Paulo:
Companhia das Letras, 1ª ed. 2001.
____________________ Além do Bem e do Mal (tradução de Paulo César de Souza). São Paulo: Companhia das Letras , 2ª ed. 2002.
____________________ Genealogia da Moral (tradução de Paulo César de Souza). São Paulo: Companhia das Letras , 1999
____________________ Ecce Homo. São Paulo: Ediouro, 1998.
____________________Crepúsculo do Ídolos. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000.
NOVAES, Adauto (org.). Artepensamento. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
TADEU DA SILVA, T. (org.) - O sujeito da educação. Estudos foucaultianos. Petrópolis: Vozes, 1995.